Ato do 1º de Maio apoia greve no Zaffari e pede o fim da escala 6×1 em Porto Alegre
Manifestação reuniu diversas entidades e parlamentares em solidariedade ao movimento grevista e em defesa de pautas dos trabalhadores

Movimentos sociais, entidades sindicais e parlamentares participaram nesta quinta-feira (1º), Dia do Trabalhador, de uma manifestação pelo fim da jornada 6×1 e em apoio aos trabalhadores em greve da Companhia Zaffari. A manifestação teve início às 8h30 da manhã, na Praça dos Açorianos, e percorreu as ruas da região central de Porto Alegre, concluindo diante da rede de supermercados da rua Lima e Silva. A paralisação convocada por trabalhadores das unidades da rede em Porto Alegre, reunidos na União dos Trabalhadores do Zaffari, teve o objetivo de reivindicar aumento salarial, implantação da escala 5×2, limitação da jornada a 40 horas semanais, fim das horas extras obrigatórias e dos desvios de função, além de melhorias nas condições de trabalho, como o fim do controle de idas ao banheiro e dos descontos nos pagamentos. Em apoio à paralisação e para marcar o 1º de Maio, entidades sindicais e movimentos sociais convocaram um ato unificado. “O 1º de Maio esse ano foi muito importante, com muita representatividade da classe trabalhadora. Primeiro, porque tinha como eixo central a questão de ser um 1º de Maio classista e independente de governos e patrões. Segundo, que ele foi marcado por uma greve de trabalhadores do Zaffari, que é uma categoria muito jovem, que sofre muita pressão do patrão, mas que teve a coragem de iniciar um processo de mobilização e de greve”, diz Rejane de Oliveira, da coordenação-geral da CSP Conlutas, uma das entidades que convocou o ato. Depois da concentração no Viaduto dos Açorianos, os manifestantes partiram em caminhada para as proximidades da unidade da rede de supermercados da Fernando Machado, onde uma comissão de grevistas e de entidades conversou com os trabalhadores que não aderiram à greve, explicando os motivos da paralisação. Posteriormente, partiram em caminhada para a unidade da Lima e Silva, onde mais uma vez a liderança dos movimentos conversou com os trabalhadores. A pauta do ato incluiu a redução da jornada para 30h, sem redução de salário; fim do arcabouço fiscal; revogação das reformas trabalhistas e previdenciária; luta com independência de classe; sem anistia para Bolsonaro, militares, os golpistas e os financiadores do 8 de janeiro; contra privatizações; solidariedade ao povo palestino e um chamado para o presidente Lula romper relações com Israel; e direito à moradia e reparação para os atingidos pelas enchentes. A manifestação contou com a participação de parlamentares, como o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) e os vereadores Alexandre Bublitz (PT), Juliana de Souza (PT) e Giovani Culau (PCdoB). “Por mais que a greve não tenha se efetivado como nós gostaríamos, muitos trabalhadores aderiram e existia um grande apoio da sociedade, porque é comum há décadas a gente falar sobre o regime de superexploração, não só no Zaffari, mas no conjunto de supermercados que atingem principalmente jovens, mulheres, às vezes trabalhadores idosos, que não têm outra opção e precisam ter esse emprego precário para sobreviver. Então, até o momento ninguém tinha tomado uma iniciativa desse tipo, de propor a existência de um movimento e fazer com que ele tivesse impacto na opinião pública e também sobre a própria empresa, que, na verdade, fez de tudo para impedir que a greve acontecesse”, afirma Matheus Gomes. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4) determinou na quarta-feira (30), que a Companhia Zaffari estava proibida de demitir trabalhadores sem justa causa durante paralisação. A decisão também proibiu que a empresa realizasse descontos salariais relacionados à paralisação antes de realizar uma reunião de negociação com o movimento grevista, que deve deve ocorrer até esta sexta-feira (2). “A gente teve um ato muito positivo, com boa parte de apoio dos trabalhadores e das trabalhadoras ali do Zaffari, uma militância que tá numa luta, eu acho que nova, de uma nova geração que está vindo aí, de pessoas entendendo que a gente segue por uma conquista de direitos, sendo hoje um dia muito importante, 1º de Maio. Acho que foi bem simbólico. Foi feita uma caminhada totalmente pacífica, com várias entidades diferentes, respeitando uma distância de acordo com que a Justiça tinha determinado de até 100 metros ali da frente do Zaffari. Uma comissão, que nós acompanhamos, entrou no Zaffari para conversar e entregar panfletos para os trabalhadores ali chamando eles para greve. Tudo isso sem nenhum tipo de violência, sem nenhum tipo de agressão, foi feito de uma forma bem tranquila”, acrescenta o vereador Alexandre Bublitz. Participaram da convocação do ato as entidades CSP Conlutas, Movimento de Mulheres Alexandra Kollontai, MRT, Alicerce, Frente de Solidariedade em Defesa do Povo Palestino, Intersindical, bem como os partidos PCBR e PSTU. O ato também teve apoio do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que tem forte atuação na luta pelo fim da escala 6×1, e contou com representações de diversas outras entidades e sindicatos, como Simpa, Sindicato dos Metroviários, Sintect-RS, Cpers, entre outros. “O fim da escala 6×1, a luta pela redução da jornada no Brasil, vai tomar as ruas cada vez mais. Não é a toa que se conseguiu assinaturas suficientes para encaminhar a PEC no Congresso Nacional a partir do VAT. Não é a toa que ontem a noite, mesmo não dizendo o que nós queremos, o presidente Lula teve que falar dessa pauta, ele disse que vai discutir com todos os setores”, disse, durante o ato, Neiva Lazzarotto, da Intersindical. Em fala em cadeia nacional para marcar a véspera do Dia do Trabalhador, o presidente Lula disse nesta quarta (30) que o governo irá aprofundar o debate sobre a redução da jornada de trabalho vigente no País, a chamada escala 6×1, que hoje permite seis dias de trabalho e um de descanso. “Está na hora de o Brasil dar esse passo ouvindo todos os setores da sociedade para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras”, disse o presidente. Ato do 1º de Maio apoia greve no Zaffari e pede o fim da escala 6×1 em Porto Alegre
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